terça-feira, 28 de agosto de 2012

This will be all over soon


Escrito em: 08/2012

 O sol parecia um enorme borrão claro e forte, como na maioria dos dias de verão, e ao seu lado cintilavam os reflexos como estrelas do meu dia, do mundo que eu vivia.
 Fui em direção a uma pedra perto de uma pequena praia que estava deserta. Cruzei minhas pernas. Um homem chegava.
 Dançava o vento que tentava roubar meus cabelos. Eu sentia algo como um fuzil a me ultrapassar e queimar-se por pensamentos, o pensamento que idealizava, o pensamento de que me queria.
 Esmeraldas que penetravam em mim, que me despiam aos poucos e guiavam-se seguindo o instinto, seguindo o cantarolar que saía de meus lábios - hipnotizado.
 Caminhava pelas águas sem se importar com suas roupas, com sua camisa branca que ficava transparente. Sem pensar em mais nada. Sem notar quem eu era.
 Esta era minha função, afogar homens que se perdiam por mulheres que não podiam ter - e eu gostava. Me apreciava com cada milímetro de água que subia em relação ao seu corpo, ansiava por cada segundo que faltava para que se afundasse e assim terminasse a dor que trazia a sua existência.
 Dei um sorriso de canto ao perceber que seus olhos ainda estavam fixos nos meus, como se achasse que poderia me conquistar. Uma ilusão idealizada em perfeição para que os homens sonhassem, depois caíssem em tentação e se encontrassem na realidade em que nada que é perfeito existe ou que se algo existe, não é perfeito.
 Assim terminou sua dor ao não poder mais respirar. Acabou como se fosse ele que queria aquilo. Seu corpo se perdia na imensidão das águas, um alguém sem rosto.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

Nenhum comentário:

Postar um comentário