segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Perdendo o Estar


Escrito em: 25/09/2011

  No íntimo deste subúrbio obscuro onde não há sol, nem estrelas me tiram do retraimento. Para não me lembrar de nenhum momento, finjo me preocupar com qualquer tormento. Não que um dia eu tenha perdido a razão, que goste de me esconder da ilusão, mas não quero viver como se nunca fosse sonhar.
  Nos paradigmas do mundo não consigo me encontrar e me sinto como se não pudesse estar. Mergulho no mundo de cólera, talvez eu devesse parar de elevar o que é, mas o que é, eu sinto real, e para mim, não sei se posso considerar fictício.
  Se eu pudesse me expressar, não gostaria de saber das consequências; o pouco que tentei não me fez bem, nem a mais ninguém. Talvez eu precise não existir.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Realidade: Esquecer


Escrito em: 14/09/11

  Hoje já não me lembro mais de seus olhos, do seu olhar. Consegui esquecer do seu sorriso, de sua risada. Perdi a memória do seu ser, de como ele é. Esvaiu-se suas palavras, as coisas que disse.
  Por hoje posso dizer que esqueci você, que apesar de lembrar instantaneamente com estas palavras, elas também já se passam, e você não pertence mais à minha memória - talvez até mesmo ao meu coração.
  Neste dia, mesmo que tenha consciência da sua falta, da falta dos planos, da falta das risadas, não sinto falta de você, nem mesmo de suas promessas falsas. Hoje eu vivo a realidade, ou apenas vivo.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Falha História


Escrito em: 09/09/11

  Dias que deveriam ser normais tomam-me, tornam-se rotina e envolvem-me. Não que devesse ser uma boa coisa, mas me faz querer me embriagar, iludir, fantasiar, sumir. Hoje vejo-me no ápice de uma solidão com a qual deveria estar acostumada, não ligar ou importar, eu deveria ser melhor que isso, deveria saber como me defender após cair.
  Percebo que não se trata de solidão, do quão nada eu me sinto, percebo que se trata de toda uma jornada que trilhei até chegar aqui. Não porque caí algumas vezes, falhei, mas porque não fui capaz de realizar meus sonhos, porque dependi das pessoas e deixei à elas a tarefa de decidir meu futuro, e todas elas me levaram até onde estou, até a pessoa falha que me tornei.
  Um dia sonhei em ser escritora e ilustrei uma história, entreguei para uma pessoa que agradeço por não lembrar o nome de quem destruiu meu sonho. Corrigiu cada palavra errada de uma mente infantil ao invés de escrever um simples "bom trabalho" com uma caneta vermelha, destruidora de sonhos.
  Outro dia insisti em sonhar em ser cantora, me inspirei no modelo que guardava em minha casa, em memórias de dias que não foram meus mas um dia quem sabe pudessem ser. Resolvi seguir em frente, acreditar em opiniões imaturas e me ver levando para o lado pessoal o fato de ser a única a não fazer parte de algo especial. Por ser mais matura não guardo rancor de um tutor, guardo rancores de ter nascido sem talento.
  Um dia sonhei que eu poderia amar e me envolvi em um sonho do qual pensava poder realizar, sonhei que um momento poderia eternizar e que não importava o real tempo de um acontecimento. Me vi acreditando em pessoas que não deveria confiar, que jogariam o meu sonho como se eu pudesse voltar a sonhar. Nunca dependeu somente de mim, e este era o problema de sonhar tão alto.
  Hoje sei que quem eu fui e quem me tornei são pessoas que pertencem a um paradoxo. Nunca quis ser quem eu sou, mas o mundo me trouxe aqui e talvez haja uma razão que ainda não descobri. Não que eu culpe todas as pessoas por ser assim, talvez nem eu seria minha amiga, mas eu gostaria de que nunca tivessem mentido para mim, omitido verdades e ter me jogado na realidade com tanta crueldade, era só o que eu queria.

                                                                                  Melissa Ribas Moura