quarta-feira, 13 de junho de 2012

Verdade ou desafio? Caso 0 (26)


Penso em mim como algo inferior a um amador na época em que comecei, mas tudo depende de tempo e experiência. Não estaria onde estou se não tivesse começado quando mal sabia o que fazia.

 Ela caminhava de manhã todos os dias, era uma rotina tão automática que jamais se quer encontrou meu olhar. Usava uma roupa de ginástica rosa claro e uma camisa branca embaixo da jaqueta que combinava com seu tênis. A mulher parecia comum, mas se destacava naquele dia chuvoso de cenários acinzentados de um dia nublado.
 Comecei a correr alcançando seu ritmo.
- Bom dia!
 Ela olhou meio assustada, não que não devesse.
- Bom dia.
 Basta algumas palavras para as pessoas simpatizarem com você, sempre era assim. O ser humano é inocente e apesar de ler nos jornais sobre as coisas que acontecem, ele jamais pensa que pode acontecer com ele mesmo.
- Quer chegar? Minha casa é aqui, tome um café comigo, estou sozinha.
 Já tínhamos terminado o parque e estávamos na frente de uma casa de madeira que aluguei. Detalhes planejados para o dia especial.
- Não sei, não me sinto à vontade.
- Não se preocupe com isso, faça o que está com vontade hoje. – Carpe Diem, quase dizia.
 Ela entrou e coloquei a vitrola para tocar músicas antigas. A banda da 26ª. O chá logo fez efeito e então a amarrei na cadeira de madeira, ela não coseguia fugir.
- Vou cortar uma mecha de seu cabelo para guardar.
Seu cabelo loiro escorria pelas costas, era descolorido e um pouco maltratado. Ela não aparentava ser tão jovem quanto realmente era. O óleo já fervia no fogão
 Seu olhar era triste e desesperado. Ela já não tinha esperança de sair da casa antiga, sabia que era uma questão de tempo para tudo acabar, mas também sabia que aqueles eram os mais longos minutos da sua vida. Seu olho ainda estava aguado, mas ela já estava tendo algumas alucinações, ficava observando a prateleira de madeira velha e escura no canto, que não possuía muitos objetos domésticos. Quem olhava a casa de modo geral, à primeira vista, não repara que a casa não era usada por muito tempo.
- Assim você esconde a sua beleza.
 Ela apenas olhou para mim, devagar, como quem pedia piedade inconscientemente. Estava raciocinando lentamente as coisas por causa do boa noite cinderela.
 Tirei o pano que havia amarrado em sua boca e despejei o óleo quente em sua garganta, seus olhos se esbugalharam e a fumaça que saia de sua boca me dava prazer. Conseguia imaginar o óleo quente corroendo seus órgãos internos dolosamente.
 Assim que senti que ela estava imóvel, retirei ela da cadeira e tirei suas roupas. Coloquei uma lingerie rosa e passei batom vermelho. Ela estava linda, conquistaria o amor de sua vida, se já não houvesse conquistado. Retirei a aliança de seu dedo - seu compromisso agora estava quebrado, ela estava livre. Retirei minhas luvas, guardei-as na bolsa e observei novamente ela deitada na cama de canos de metal creme, em cima de um lençol branco, como se esperasse seu marido naquele quarto vazio. Abandonei a casa.

Com o estilhaço da porta que anunciava a chegada do jornal, acordei e li minha manchete. Existia alguém por perto à minha altura, a curiosidade me fez querer averiguar o caso.
“Esposa de homem assassinado noite passada é dada como desaparecida”.

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