quinta-feira, 30 de março de 2023

Abstrato

 

Escrito em: 25/03/2023

   Tem algo que bate e não entendo. Deixa meu sangue fervendo. Por dentro parece uma brisa sussurrar e fica o que deixou escapar.

   O que eu queria era o que posso imaginar, ideias abstratas que não posso explicar, que uma camiseta sua talvez possa representar. Ingênua, nada ia fazer mudar.

   Aceito que tua intenção não era ficar, transformo o que tive pra me deixar em primeiro lugar. Apenas um rasante poderia me fazer mudar e uma pena não vai me fazer calar. Sentir. Sentir o que deixou e o abstrato que ficou.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

May angels lead you in


Escrito em: 11/11/2021

   Deixa falado. Máscara removida sem o mínimo de cuidado. Deixa que caia. Nunca disse que a vida é dessas que a gente passa.
   Amor não é o suficiente para fazer quem está aqui ficar. Até então, não havia entendido o modo de pensar. Da máscara que caiu, isso pelo menos viu.
   Entendi. Mente não cansou em tentar deixar claro para quem aqui está: amor não é o suficiente para fazer ficar. Não tem culpado.
   Coisas que foram feitas erradas, coisas que foram acertadas. Algo faria mudar? Pergunta que fica sem resposta. O passado não há o que mudar, o futuro parei de acreditar. Ellipsism.
   Podia, naquele dia, 18 de abril, deixar por esquecer. Teoria do caos. Efeito borboleta. Dos fins que a mente faz pensar. Hear you me. Nunca esquecerei.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

domingo, 27 de junho de 2021

Me First


Escrito em: 25/06/2021

   Da vida senti as lesões que ela poderia me causar, enquanto por muitas vezes tentava a pele suturar. É inútil tentar ser quem não sou, tentar transparecer uma alma cheia de destemor, enquanto por dentro só existe a dor.
   Tentar fingir que não escolhi desistir, máscara que vesti para não transparecer a falsidade que refleti. O motivo que me fez ficar nunca foi coragem, muito menos felicidade.
   Esperança é algo que já não mais acredito, nem fidelidade. Prioridade. Nada vale. Em mim só restou medo, pavor que de vez em quando no tecido transparece.
   O ficar não já é para ver no que vai dar, é pela consequência, para pagar na pele o que já fiz causar. É para sentir a miséria no íntimo e mais protegido lugar, o que costumava antes te guardar. Aceitar o caos que em mim vai ficar.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

terça-feira, 3 de março de 2020

your silence is the most violent


Escrito em: 03/03/2020

   Das coisas que a vida me ensinou durante o silêncio ensurdecedor do desaparecimento da esperança, delas aprendi que a miopia não me permitia ver com clareza. A mão trêmula transparecia.
   Havia um ruído que desaparecera pelo barulho que tua voz transmitia. Criminosa. Doía. Não é sobre deixar o presente para trás, é sobre recuperar o que não mais ouvia.  
   É sobre permitir o silêncio te ferir para reencontrar o que estava escondido. É sobre perceber a importância da esperança ao permitir deixá-la ir.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Protection

Foto: Sofia Podestà

Escrito em: 17/12/2018

  Pouco passou após te desconhecer, não que estivesse contando; ou declamando. Relatar não adiantaria se o próprio jogo não era sobre ganhar nem perder. Minuto nenhum a mais te faria perceber.
   Temporário. Meu nome não constava no seu itinerário. Teimosa, custava entender que a vida é dessas que você não goza. O passado que se repetia e, ainda assim, mal me fazia. Um ciclo de conversas que só na minha mente eu dizia. 
  Deixa pra lá. Deixa que eu fique mais uma vez sozinha. Entre lençóis e o barulho de buzina que pela madrugada ouvia. Diferença não teria. A tristeza que em meu peito cabia, pra outro alguém não importaria. Essa era uma mágoa apenas minha.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Bulletproof


Escrito em: 24/08/2018

  Você que tira o meu sono e me transforma em um verso enfadonho. Você que com passagem só de ida procura em mim conflito. Repito. Não te peço que vá. Não espero que volte.
   Risco um novo medo. Você não quer saber o enredo. Nas entrelinhas escondo o que deveria ser sublinhado. Desalinhado.
  Tardio. Encontra meu eu arredio. Você que é subjuntivo e clama rebelião. Confusão. Você que no inverno não liga para o frio, queima por onde passa e não me ensina a ser à prova do teu fogo. Onde isso me deixa dentro do teu jogo?

                                                                                  Melissa Ribas Moura

sexta-feira, 23 de março de 2018

A terceira onda


Escrito em: 17/03/2018

  Quando a neve se foi, algo de bom permaneceu. Refúgio. Um sentimento de saudade pelas coisas que viveu. Mudar de opinião costumava ser um privilégio.
  Frio. Era preciso seguir, encarar tudo que se propôs a sentir. Depois de quatro invernos havia se acostumado com o que ali faltava. Mal lembrava.
  Sentia que nenhuma palavra podia explicar. Exulansis. As palavras saem de minha boca sem nada falar. É inútil tentar te fazer entender quando tudo que você faz é se calar. Silêncio. Expectativa do que nunca falaria. Jouska. Palavras que nunca assumiria.
  Tudo bem, traz uma vodka pra dois.

                                                                                  Melissa Ribas Moura


*Exulansis: A tendência de desistir de tentar falar sobre uma determinada experiência porque as pessoas são incapazes de se relacionar com ela.
*Jouska: Uma conversa hipotética que você repete compulsivamente na sua cabeça.