Escrito em: 31/05/13
Em meu íntimo
eu sabia que as coisas que haviam passado ficariam para trás, porém, meu
espírito saudosista gostava de guardar aquelas momentos na memória. É
engraçado. Não havia me dado conta de que as coisas acabam. Eu queria mais. Era
uma noite serena, fria, clara. Estava tudo calmo.
Ao
caminhar, comecei a perceber o mundo com olhos diferentes. Eu já não era mais a
mesma pessoa de antes, eu tinha certeza. Se havia algo que poderia agradecer,
fosse para quem fosse, era por ter me mudado, mesmo que sem querer, mesmo que
por um acaso. Havia algo de esperança, algo de menos frio dentro. Eu sentia.
Algo
de menos triste, algo que eu deveria saber como é muito antes. Algo que o mundo
talvez tivesse tirado de mim, ou talvez eu mesma, em uma tentativa de não doer.
Daqueles dias, eu poderia lembrar. Haviam coisas boas para lembrar, as coisas
que me mudaram. Não que tudo houvesse mudado, não. Era algo pequeno, mas que me
lembrava de como era quando as coisas eram mais simples, que me fazia lembrar
de como era não pensar tanto. Da lua, vasta, já não tão dilatada.
Quando
me deparei entre aqueles que gostava de encontrar, finalmente extasiada,
finalmente livre e talvez até mesmo realizada com o tempo decorrente, comecei a
me perguntar se era possível ver o quão havia mudado. Corria o ar despreocupado.
Vagava por entre a imensidão da noite o que havia esquecido, o que me deixava
querer ser quem eu era agora.
Se o tempo
falasse, ele sorriria, de ver que se é aproveitado, por mostrar o que há em
cada um guardado. Por guardar um sorriso dado ou um beijo roubado. Por lembrar
de você e até do tempo em que tudo ficou calado. Silêncio.
Melissa Ribas Moura
Melissa Ribas Moura