sexta-feira, 31 de maio de 2013

Se o tempo falasse


Escrito em: 31/05/13

Em meu íntimo eu sabia que as coisas que haviam passado ficariam para trás, porém, meu espírito saudosista gostava de guardar aquelas momentos na memória. É engraçado. Não havia me dado conta de que as coisas acabam. Eu queria mais. Era uma noite serena, fria, clara. Estava tudo calmo.
          Ao caminhar, comecei a perceber o mundo com olhos diferentes. Eu já não era mais a mesma pessoa de antes, eu tinha certeza. Se havia algo que poderia agradecer, fosse para quem fosse, era por ter me mudado, mesmo que sem querer, mesmo que por um acaso. Havia algo de esperança, algo de menos frio dentro. Eu sentia.
           Algo de menos triste, algo que eu deveria saber como é muito antes. Algo que o mundo talvez tivesse tirado de mim, ou talvez eu mesma, em uma tentativa de não doer. Daqueles dias, eu poderia lembrar. Haviam coisas boas para lembrar, as coisas que me mudaram. Não que tudo houvesse mudado, não. Era algo pequeno, mas que me lembrava de como era quando as coisas eram mais simples, que me fazia lembrar de como era não pensar tanto. Da lua, vasta, já não tão dilatada.
         Quando me deparei entre aqueles que gostava de encontrar, finalmente extasiada, finalmente livre e talvez até mesmo realizada com o tempo decorrente, comecei a me perguntar se era possível ver o quão havia mudado. Corria o ar despreocupado. Vagava por entre a imensidão da noite o que havia esquecido, o que me deixava querer ser quem eu era agora.
Se o tempo falasse, ele sorriria, de ver que se é aproveitado, por mostrar o que há em cada um guardado. Por guardar um sorriso dado ou um beijo roubado. Por lembrar de você e até do tempo em que tudo ficou calado. Silêncio.

                                                                                  Melissa Ribas Moura