terça-feira, 28 de agosto de 2012

This will be all over soon


Escrito em: 08/2012

 O sol parecia um enorme borrão claro e forte, como na maioria dos dias de verão, e ao seu lado cintilavam os reflexos como estrelas do meu dia, do mundo que eu vivia.
 Fui em direção a uma pedra perto de uma pequena praia que estava deserta. Cruzei minhas pernas. Um homem chegava.
 Dançava o vento que tentava roubar meus cabelos. Eu sentia algo como um fuzil a me ultrapassar e queimar-se por pensamentos, o pensamento que idealizava, o pensamento de que me queria.
 Esmeraldas que penetravam em mim, que me despiam aos poucos e guiavam-se seguindo o instinto, seguindo o cantarolar que saía de meus lábios - hipnotizado.
 Caminhava pelas águas sem se importar com suas roupas, com sua camisa branca que ficava transparente. Sem pensar em mais nada. Sem notar quem eu era.
 Esta era minha função, afogar homens que se perdiam por mulheres que não podiam ter - e eu gostava. Me apreciava com cada milímetro de água que subia em relação ao seu corpo, ansiava por cada segundo que faltava para que se afundasse e assim terminasse a dor que trazia a sua existência.
 Dei um sorriso de canto ao perceber que seus olhos ainda estavam fixos nos meus, como se achasse que poderia me conquistar. Uma ilusão idealizada em perfeição para que os homens sonhassem, depois caíssem em tentação e se encontrassem na realidade em que nada que é perfeito existe ou que se algo existe, não é perfeito.
 Assim terminou sua dor ao não poder mais respirar. Acabou como se fosse ele que queria aquilo. Seu corpo se perdia na imensidão das águas, um alguém sem rosto.

                                                                                  Melissa Ribas Moura

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

De Arrepiar



Escrito em: 23/08/2012

 Dois passos. Paro. Respiro fundo. Continuo.
 "Eu não consigo! Droga!"
 Viro para trás. Meu coração acelera, minha respiração continua forte. Passo a mão no meu cabelo. Continuo.
 Passo a mão no rosto como se fosse me ajudar em alguma coisa, como se fosse me ajudar a pensar. Respiro fundo.
 "Eu não deveria ter medo, eu esperei muito tempo por isso."
 Paro. Respiro fundo. Penso em nada.
 "Eu não vou bater, eu vou voltar para casa!"
 Respiro fundo. Passo a mão no rosto. Olho para a porta.
 "Não, eu vou entrar!"
 Continuo. Bato na porta.
- Oi! Você está aqui, não acredito!
 Sorrio. É inevitável cair em seus olhos, se apaixonar com alguém assim. É inevitável imaginar como seria se tudo realmente desse certo. Eu queria tanto aquilo, esperava tanto por aquele momento.
- Oi!
 "Hora de parar de sorrir. Será que eu devo dar um abraço?"
 Mergulho em pensamentos em que um gelo desce pelas minhas costas devagar, rasgando minha pele. Um calafrio percorre meu corpo e para em minha barriga. Nossos lábios se tocam impacientes, quase desesperados.
 Sorrio. Me aproximo e toco em seu rosto. O desejo é lento, mas forte. Você acredita em sonhos?
 Acordo. Sorrio.
 "De novo?!"

                                                                                  Melissa Ribas Moura

terça-feira, 14 de agosto de 2012

No final era somente um momento saudosista


 Escrito em: 14/08/2012

 Algo sobre meu passado era o que queria escrever, algo sobre os momentos que vivo repetindo em minha mente e desejo jamais ter saído deles. Penso em escrever sobre eles pensando no presente; ou no futuro. Penso em escrever querendo ter outros momentos como aqueles, para voltar a repetir essas coisas boas em minha mente. Somente para me lembrar de que existem coisas boas.
 Algo sobre soldados, algo sobre bebidas, algo sobre sentimentos. Coisas que foram jogadas aos ventos. Tormentos, talvez, que compõem meu masoquismo psicológico. Novamente o paradoxo que move meu mundo, ao fundo; maldito Raimundo! Algo anteriormente já dito sobre sete faces em um poema, algo que Drummond já tentava me explicar.
 Algo sobre saudosismo, paradoxo e masoquismo.

                                                                                  Melissa Ribas Moura