domingo, 29 de julho de 2012

Verdade ou Desafio? Caso 2 (27)

Ingloria Posta: Verdade ou Desafio? Caso 1 (44)


 Vermelho é a cor do poder, a cor que me fazia querer mais o que eu gostava de fazer, era a minha sinestesia, o cheiro que me provocava. Vermelho é a marca que me prende a morte, a cor que destaca a noite e retira seu silêncio.

 Dirigia em uma velocidade moderada enquanto cantava acompanhado o rádio, músicas que simplesmente sabia a letra, mesmo sem saber seus nomes. Tudo estava tranquilo e minha mente se disperçou em pensamentos que eu gostaria de fazer naquele exato momento. Um homem na estrada parecia bom, era o que eu queria fazer. Eu precisava satisfazer minha necessidade imediatamente, minha ansiedade fazia com que eu não prestasse atenção na direção.
 Desci do carro e conversei com um desconhecido que estava na frente do que parecia uma casa de festas, parecia um pouco bêbado. Ele tinha cabelo cacheado e um pouco comprido, era alto o suficiente para que eu parecesse inofenciva para ele.
- Aceita uma carona?
 Quem não aceitaria? Parei em um acostamento no começo da rodovia e vesti luvas de couro. Deitei ele no banco de trás e o beijei. Uma pena eu não ter sentimentos por ele, quem sabe até poderia deixar ele viver.
 Rasgando sua camisa podia ver seu corpo magro e o perceber que ele não raciocinava, ele tirou o tênis e eu puxei sua calça. Fiquei somente olhando para ele admirando seus olhos castanhos pequenos e com traços orientais, ele não entendia o porquê eu havia parado, dei risada. Saí do carro e ele veio atrás.
- Você não devia sair com qualquer mulher que oferece carona.
- Não estou entendendo
- Você é muito bonito, sabia?
 Levemente peguei seu pescoço, fixei meus olhos em seus olhos e sorri. Ele olhava para mim ainda sem entender qualquer coisa do que vinha a acontecer. Por que os homens subestimam tanto as mulheres? Nem todas são frágeis, feitas de porcelana e quebráveis com qualquer coração partido. Nem todas são feitas para sofrer, algumas foram feitas para fazer sofrer.
 Quebrei seu pescoço, um ser tão frágil, tão belo. Deitei ele no acostamento vestindo apenas sua cueca samba canção. Deixei meu batom vermelho em sua mão.
 Olhei para trás, sorri. Era quase uma obra de arte impecável, um modelo deitado na estrada esperando seus fotógrafos, esperando a capa do jornal do dia seguinte, ele era a minha atração.
 Eu usava sandálias vermelhas cor de sangue.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Sobre a teoria da montanha-russa


Escrito em: 02/07/2012

 Olhava baixo enquanto caminhava por ruas quase desertas, o azul do céu já não chamava mais a atenção, não roubava olhares alegres que se espantariam com a sua presença. O pensamento já não parava em lugar algum e, ao mesmo tempo, só se direcionava para um algo em específico.
- Há quanto tempo não o vejo! - dizia.
- Como vai você?
 Conversas clichês - geralmente não levam a lugar algum. Geralmente servem de iniciativa desinteressante de alguém que abre a possibilidade para que esta possa se mostrar interessante.
- Posso entrar?
 Havia aquela certa mudança de humor que levava a uma teoria popularmente chamada de "montanha-russa", mas não era divertido, como andar em uma montanha-russa, era angustiante e instável. Não era algo seguro a que se apegar e tornar parte de sua rotina.
 Um lugar os uniu para que a conversa, de início boba, começasse. Ainda não sabia se era uma boa hora, não sabia em qual parte da montanha-russa estava. Sentimentos reprimidos que cultivava para si.

                                                                                  Melissa Ribas Moura